Jesus convive,
a maior parte de seu tempo, com aqueles que não tinham lugar dentro do sistema social existente: 1.prostitutas – que são
preferidas aos fariseus (Mt 21,31-32; Lc 7,37-50); 2. publicanos – tem
precedência sobre os escribas (Lc 18,9-14; 19,1-10); 3. leprosos – são
acolhidos e limpos (Mt 8,2-3; 11,5; Lc 17,12) e os sacerdotes são obrigados a
dar-lhes prova de sua purificação (Lc 17,14; Mc 1,44; Mt 8,2-4); 4. doentes (Mt
8,17) são curados em dia de sábado (Mc 3,1-5; Lc 14,1-6; 13,10-13; 5.mulheres –
fazem parte do grupo que acompanha Jesus (Lc 8,1-3; 23,49-55); 6. crianças –
são apresentadas como professores de adultos (Mt 18,1-4; 19,13-15; Lc 9,47-48);
7. povo humilde – entende o mistério do reino melhor do que os sábios e
entendidos (Mt 11,25-26); 8. samaritanos – são apresentados como modelo aos
judeus (Lc 10,33; 17,16); 9. famintos – acolhe-os como rebanho sem pastor (Mc
6,34; Mt 9,36; 15,32) dá-lhes de comer (Jo 6,5-11) e provoca neles a partilha
(Jo 6,9); 10. cegos – recebem a visão (Mc 8,22-26; Mc 10,46-52; Jo 9,6-7) e os
fariseus são declarados cegos (Mt 23,16); 11. coxos – sua cura é sinal de que
Jesus pode perdoar pecado sem ser blasfemo (Mc 2,1-12; Mt 11,15); 12. possessos
– a expulsão dos demônios é sinal de que
chegou o reino de Deus (Lc 11,14-20); 13. adúltera – é acolhida e
defendida contra a lei e contra a tradição (Jo 8,2-11); 14. anciã – é defendida
dentro da sinagoga contra o coordenador da sinagoga (Lc 13,10-17); 15.
estrangeiros – são acolhidos e atendidos (Lc 7,2-10) e a cananéia consegue
mudar os planos de Jesus (Mt 7,24-30; Mt 15,22); 16. pobres – o reino de Deus é
deles (Mt 5,3; Lc 6,20) e não é dos ricos (Lc 6,24); 17. mendigos – na
parábola, eles recebem a vida eterna e o rico epulão vai para o inferno (Lc
16,19-31); 18. ladrão – é condenado pelo sistema e é recebido por Jesus no
Reino (Lc 23,40-43); 19. pescadores – são chamados para ser discípulos de Jesus
(Mc 1,16-20), enquanto não há nenhum doutor nem escriba no grupo dos doze; 20.
zelotes – alguns deles estão no grupo de Jesus (Mt 10,4; Mc 3,18) junto com
Levi, o publicano (Mc 2,14).
Estas
atitudes bem concretas de Jesus representam um perigo muito grande para o
sistema dos judeus, pois Jesus acolhe os “imorais”
(prostitutas e pecadores), os “marginalizados”
(leprosos e doentes), os “hereges”
(samaritanos e pagãos), os “colaboradores”
(publicanos e soldados), os “fracos”
e os “pobres” (que não tem poder nem
saber). Os que não tem “lugar”
recebem um “lugar”! E os que tem um “lugar” na convivência social não recebem
um “lugar” na convivência com Jesus!
A
opção de Jesus é muito clara. Também o convite é claro: não é possível ser
amigo de Jesus e continuar a apoiar o sistema que marginaliza tanta gente.
Alguns o entenderam e responderam afirmativamente: Nicodemos (Jo 3,1-2), que
defendeu Jesus no tribunal (Jo 7,50-52), foi vaiado e correu o risco de ser
expulso (Jo 19,39); José de Arimatéia, que teve a coragem de pedir o corpo de
Jesus para enterrá-lo (Mt 27,57-60), correndo o risco de ser acusado de ser
contra os romanos e contra o chefes judeus; Zaqueu que deu a metade dos seus
bens aos pobres e devolveu quatro vezes o que tinha roubado (Lc 19,1-10).
O
povo dos pobres logo percebeu a novidade, acolheu Jesus e disse: “Um novo ensinamento com autoridade!” (Mc
1,27), diferente dos escribas e dos fariseus (Mc 1,22). E indo atrás de Jesus,
(Mt 14,13-14), esqueceu tudo: casa, comida, filhos, a ponto de parar no deserto
(Mc 6,35-36), junto com Jesus, sem comida, quase desfalecendo (Mc 8,1-13). Para
o povo faminto e pobre, Jesus deve ter sido uma simpatia ambulante!
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