CAPÍTULO 5 - JESUS NEGA E COMBATE AS DIVISÕES CRIADAS PELOS HOMENS





             As divisões e oposições existentes naquele tempo vinham das relações de produção, da raça e da religião. Tudo misturado. Todas elas contradizem a vontade do Pai, pois por meio delas muita gente era marginalizada, colocada de lado, sem esperança de poder obter uma vida melhor. E muitas vezes, tudo isto era sacralizado e legitimado em nome de Deus, através de uma interpretação errada da Bíblia.

            Jesus denuncia todas estas divisões e as combate através de atitudes bem concretas: 1. A divisão entre o próximo e não-próximo – já não depende mais da raça nem de observância exteriores, mas depende da disposição de cada um se aproximar do outro, quem quer que ele seja (Lc 10,29-37); 2. A divisão entre pagão e judeu – Jesus estava disposto a entrar na casa do centurião (Lc 7,6), e atende ao pedido da Cananéia (Mt 15,28); 3. A divisão entre obras santas e profanas (oração, Mt 6,5-8, jejum, Mt 6,16-18 e esmola, Mt 6,1-4) são redimensionadas; 4. A divisão entre puro e impuro – Jesus questionou toda a legislação da pureza legal (Mt 23,23; Mc 7,13-23), e chegou a ridicularizá-la (Mt 23,24); 5. A divisão entre tempo sagrado e profano – colocou o sábado a serviço do homem (Mt 12,1-12; Mc 2,27; Jo 7,23-24); 6. A divisão entre lugar sagrado e profano – disse que Deus pode ser adorado em qualquer lugar, contanto que seja em espírito e verdade (Jo 4,21-24; Mc 11,15-17; 13,2; Jo 2,19) e não só no templo; 7. A divisão entre pobres e exploradores – denuncia os exploradores que se dizem benfeitores do povo (Lc 20,46-47; Lc 22,25) e derruba as mesas dos cambistas que são chamados ladrões (Mc 11,15-17; Mt 21,12-17).

            Agindo assim, Jesus sacode e relativiza as pilastras do sistema judaico: observância do sábado, o templo, as obras santas como jejum, oração e esmola, a lei da pureza legal (Mt 23,25-28), a prática da justiça feita pelos fariseus (Mt 5,20), a própria lei de Moisés (Mt 5,17.21.27.31.33.38). Jesus denuncia a tentativa de chegar a Deus através do próprio esforço e do próprio mérito: “Somos servos inúteis!” (Lc 17,10). Deste modo, ele liberta o povo da tirania da lei, da tirania dos intérpretes da lei, da tirania do que, em nome do seu saber maior, impunham fardos pesados ao povo dito ignorante, (Mt 23,4).

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